Foto: Divulgação / Observatório Nacional
A doutoranda do Observatório Nacional (ON) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – Jennifer Ribeiro Silvério da Conceição, foi uma das premiadas durante o Encontro de Outono da Sociedade Brasileira de Física de 2024 (EOSBF2024), evento que reúne aproximadamente mil participantes, incluindo professores, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação.
Como o título de ‘Investigations Into a Hybrid Model For Creating Complex Networks of Global Earthquakes’ (Investigações sobre um modelo híbrido para a criação de redes complexas de terremotos globais), o trabalho possui natureza fortemente interdisciplinar, envolvendo, por exemplo, as áreas da Geofísica, Geologia, Física, Matemática e Computação. Por meio de um “modelo híbrido” de rede complexa, a metodologia pretende estabelecer relações entre a ocorrência de terremotos em diferentes regiões do planeta.
Embora no Brasil os terremotos não sejam frequentes, o entendimento sobre eles é de interesse para as mais variadas áreas do conhecimento, como Engenharia e Ciência Social, Geofísica e Geologia, uma vez que sua ocorrência pode causar um elevado número de fatalidades e grande perda econômica. Na literatura, diferentes modelos de redes são encontrados, porém as informações de magnitude e de ocorrência temporal e espacial dos terremotos são consideradas de forma independente. Em sua tese, Jennifer incorpora tanto informações de magnitude, quanto espaço-temporais dos eventos sismológicos. Dessa forma, é possível extrair informações de correlações sobre eles entre diferentes locais do mundo.
“Meu intuito é contribuir para um melhor entendimento acerca da dinâmica desse fenômeno, que possui um poder destrutivo imenso. Em nossos estudos atuais, trabalhamos com terremotos ocorridos em todo o planeta, o que permite uma melhor análise das características globais dos terremotos, que surgem a partir da interação entre as mais diversas localidades, através das placas tectônicas. Dessa forma, podemos estabelecer relações entre a ocorrência de terremotos em diferentes regiões do planeta, por exemplo. Além de análises globais, também iniciaremos investigações com foco nos eventos sismológicos brasileiros“, afirma Jennifer.
Após receber o prêmio no EOSBF2024, o trabalho desenvolvido pela doutoranda impulsionou convites de colaborações de pesquisadores do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). Hoje, já existe uma parceria com o apoio da Universidade de Aveiro, em Portugal, e da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
“No momento estamos buscando ampliar esses horizontes, com o propósito de realizar parcerias com instituições localizadas em regiões de alta sismicidade, a fim de poder nos beneficiarmos da expertise de pesquisadores com larga experiência na detecção, obtenção e análise de dados de terremotos“, explica o orientador de Jennifer, o Dr. Douglas Santos Rodrigues Ferreira, docente permanente do Programa de Pós-graduação em Geofísica do Observatório Nacional e professor associado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ).
Para ele, o conhecimento produzido por essa pesquisa e o fato de envolver diversas disciplinas gera o interesse de uma grande quantidade de cientistas, de todo o lugar, já que existem poucos centros no mundo que estudam terremotos utilizando simultaneamente todas essas interfaces. Além disso, com a visibilidade, o projeto ajuda a impulsionar a Ciência no país. “Especialmente em momentos como o atual, no qual muitas pessoas possuem desconfiança, e propagam informações sem nenhum compromisso com a verdade, nós acreditamos que Ciência com qualidade e compromisso é um dos antídotos para esse mal que nos assola“, destaca o professor doutor.
A conquista do prêmio reflete a excelência e o compromisso dos pesquisadores brasileiros, e ressalta a importância de continuar investindo na ciência e na pesquisa como ferramentas essenciais para o desenvolvimento do país.
Sobre o Observatório Nacional Fundado em 1827, o Observatório Nacional (ON) é uma Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que desempenha um papel fundamental na construção e desenvolvimento dos campos científicos da Astronomia, Geofísica e Metrologia em Tempo e Frequência no Brasil, nas quais realiza pesquisa, desenvolvimento e inovação, com reconhecimento nacional e projeção internacional. Suas atividades incluem a formação de pesquisadores em cursos de pós-graduação, geração, conservação e disseminação da Hora Legal Brasileira e a divulgação e popularização do conhecimento científico produzido. Saiba mais em: http://www.on.br/