27 de novembro de 2024

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Sociedades médicas alertam para importância de mudanças na linguagem para combater o estigma da obesidade

Foto: Pixabay

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) alertam a imprensa, profissionais de saúde e a comunidade sobre a importância de adotar uma linguagem mais apropriada ao discutir a obesidade e tratamentos, abandonando o uso de termos como “remédio para emagrecer” ou “canetas emagrecedoras” pela expressão “medicamentos para tratar a obesidade”.

A obesidade é um problema global que afetará, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 700 milhões de pessoas até 2025. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, hoje, já são mais de 6,7 milhões de pessoas convivendo com a doença.

O estigma relacionado à obesidade tem um impacto significativo na saúde mental e física das pessoas afetadas, podendo prejudicar ainda mais o bem-estar e contribuir para comportamentos alimentares prejudiciais. 

O tratamento da obesidade vai além da simples perda de peso e engloba a melhoria da saúde e da qualidade de vida. Os medicamentos para obesidade desempenham um papel importante no tratamento, especialmente quando combinados com mudanças no estilo de vida. 

A linguagem inadequada, que vem sendo frequentemente usada para se referir à obesidade e aos medicamentos usados no tratamento, perpetua o estigma que envolve a doença e sugere que esses medicamentos são destinados apenas a pessoas que desejam perder peso por razões estéticas. 

Termos como “remédio para emagrecer” sugerem que esses medicamentos são destinados a qualquer pessoa que deseje perder peso de forma rápida e temporária e podem criar a impressão de que são medicamentos apenas destinados para tratamento a longo prazo de uma doença crônica. Em contraste, o uso de termos como “medicamentos para tratar a obesidade” ou “medicamentos anti-obesidade” enfatiza que o tratamento visa a doença em si e não apenas a um sintoma. 

Existe uma lacuna entre a produção científica e a tradução para o público na forma com que esses termos são referidos em pesquisas online e em bases acadêmicas. Enquanto o termo “medicamentos para perda de peso” geraram 2,2 milhões de resultados em uma pesquisa no Google, os termos “medicamentos anti-obesidade”, “drogas anti-obesidade” e “drogas ou medicamentos para tratar a obesidade” produziram, juntos, apenas 428 mil resultados. Já ao se analisar bases de dados acadêmicas a situação muda. Enquanto o termo “agentes anti-obesidade” produz mais de 19 mil resultados, “medicamentos/drogas/agentes para perda de peso”, reúne menos de 500. 

SBEM e ABESO ressaltam que a obesidade é uma doença crônica que está associada a diversas comorbidades, incapacidades e riscos à saúde, além de afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas. No entanto, ainda é amplamente subdiagnosticada e subtratada. 

Nesse contexto, a SBEM e ABESO fazem um chamado à imprensa, profissionais de saúde e à comunidade para adotar uma linguagem mais respeitosa e precisa ao discutir a obesidade e os tratamentos, ressaltando que a mudança na linguagem pode desempenhar um papel fundamental na redução do estigma associado à obesidade e na promoção de um tratamento mais eficaz e humano. O estudo “Anti-obesity medications” or “medications to treat obesity” instead of “weight loss drugs” – An official statement of the Brazilian Association for the Study of Obesity and Metabolic Syndrome (ABESO) and the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM)” será apresentado de forma inédita no CBAEM 2023, entre os dias 6 e 9 de setembro, no Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha, em João Pessoa, na Paraíba.

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