27 de novembro de 2024

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Especialistas em educação listam temas relacionados a saúde mental que exigem atenção

A partir da discussão sobre a importância dos cuidados psicológicos, especialistas explicam como a campanha pode impactar positivamente o cenário educacional

Em 10 de setembro foi celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, porém por conta da notoriedade da data e de sua visibilidade, a efeméride acabou se estendo para todo o mês. E assim, a importância dos cuidados com a saúde mental para a prevenção do suicídio ganha espaço na pauta.

Em se tratando de educação, existem uma série de pontos que merecem atenção e podem afetar tanto a saúde mental dos estudantes quanto a dos educadores. Para melhor compreender a questão e, mais do que isso, prevenir e manter a saúde mental em equilíbrio, especialistas trazem dicas e reflexões sobre o assunto. Confira!

Construindo pontes de apoio na campanha do Setembro Amarelo

O setembro amarelo é um momento chave para a conscientização sobre a importância de prevenir o suicídio e suscita a importância do diálogo aberto e da empatia, considerados fatores essenciais para identificar e apoiar as pessoas que estão passando por momentos difíceis. Muitas vezes, é crucial entender que o suicídio está relacionado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, que podem e devem ser tratados.

Segundo Celso Lopes de Souza, médico psiquiatra e fundador do Programa Semente, as abordagens efetivamente sábias são aquelas que levam uma aprendizagem das emoções para a escola. Reconhecer os próprios sentimentos e a importância deles ajuda muito na prevenção e aumenta a capacidade de pedir ajuda. 90% das pessoas que evoluem para suicídio ou até para tentativa tinham algum transtorno psiquiátrico, por isso que existe a necessidade de reconhecer quando existe algo errado e de conseguir pedir ajuda.

“Se a pessoa se sente com os famosos 3 ‘is’: insuportável, impossível e interminável, é muito importante procurar ajuda e entender que isso não acontece da noite para o dia”, comenta o psiquiatra.

Equilíbrio da saúde mental no vestibular

 Em tempos de vestibular, é essencial manter o equilíbrio da saúde mental. Para tanto, Fabrício Pires, Diretor de Ensino do Colégio Master, de Fortaleza (CE), afirma ser muito importante manter uma rotina de estudos e “recarregar as baterias”, principalmente na reta final.

“Não desanime, falta pouco! Continue com a mesma rotina adotada ao longo do ano, assistindo às aulas, revendo questões e mantendo o ritmo no período extraclasse”, destaca. “Além disso, não deixe de lado os seus momentos de relaxamento e de descontração. O descanso também é importante para a melhoria de desempenho e de rendimento, uma vez que uma mente cansada não absorve tão bem os conteúdos. Inclua intervalos de trinta minutos a cada duas horas e meia de estudos” explica o diretor.

Segundo o diretor, outro fator importante é buscar suporte em familiares e amigos. Nesse momento, é essencial estar perto das pessoas que mais ama. O cansaço é muito comum com a aproximação do fim do ano, ainda mais com tamanha preparação. Por isso, esse apoio emocional se faz importante para manter a energia, a motivação e a saúde mental do estudante. Tudo isso auxilia na fixação dos conteúdos e melhora o desempenho na prova.

Educadores em foco

Pesquisa realizada pela Nova Escola, em parceria com o Instituto Ame Sua Mente, aponta que um dos grupos que vem sendo mais afetados pela falta de suporte para saúde mental é o dos educadores. Dados mostram que mais de 20% dos educadores brasileiros consideram sua saúde mental ruim ou muito ruim.

A partir deste cenário, Juliana Storniolo, diretora da FourC Learning, projeto voltado para qualificação de gestores e educadores, fala sobre a importância de oferecer cuidados psicológicos aos profissionais da educação.

“Os profissionais da educação precisam receber cuidados voltados para a saúde mental a fim de que eles estejam preparados para lidar com os desafios diários da profissão. Nessa cultura de apoio, tão necessária, o suporte dos gestores a partir de um canal de comunicação aberto é fundamental”, explica Juliana.

Para ela, um dos papéis da liderança é acompanhar e direcionar esses profissionais para identificar questões de ordem psicológica, sempre que necessário, oferecendo, inclusive suporte emocional para criar um ambiente de trabalho que promova bem-estar, autoconhecimento e prática de atividades de relaxamento”, acrescenta a diretora.

Trabalhando conflitos e diferenças em sala de aula

Promover um diálogo saudável entre o educador mediador e as partes envolvidas é fundamental para resolver conflitos, de modo construtivo, no contexto escolar.

Esse diálogo possibilita a expressão de sentimentos, de opiniões e de perspectivas, aprofundando a compreensão das raízes do conflito.” Ao agir como facilitador, o educador auxilia na melhoria das habilidades de comunicação e empatia dos envolvidos. Esse ambiente de diálogo seguro estimula a expressão e compreensão das emoções, resultando em soluções colaborativas e relações interpessoais fortalecidas”, explica o CEO da Vereda Educação, Arthur Buzzato.

Reconhecer e valorizar as singularidades de cada aluno é fundamental para criar um ambiente escolar inclusivo e enriquecedor. Para Arthur, cada estudante traz consigo experiências, perspectivas e habilidades únicas, e ao respeitar essas diferenças, a escola cultiva aceitação e respeito mútuo.

“Essa valorização promove não apenas a compreensão das diversas culturas, interesses e habilidades dos colegas, mas também o desenvolvimento da empatia. Competências socioemocionais, como a cooperação, o autoconhecimento e a comunicação eficaz desempenham um papel crucial na resolução de conflitos e na promoção de um ambiente harmonioso”, complementa. Ao dominar essas habilidades, os alunos se tornam capazes de compreender e expressar emoções, comunicar necessidades construtivamente e colaborar de forma eficaz para alcançar objetivos comuns, criando uma resolução harmoniosa e profunda.

Conscientização e prevenção de bullying nas escolas

Investir em conscientização e prevenção do bullying nas escolas é fundamental para criar um ambiente acolhedor, colaborativo e responsivo. Por meio do desenvolvimento de habilidades sociais, resolução de conflitos e empatia, os alunos são preparados não apenas para o sucesso acadêmico, mas também para uma vida saudável.

A orientadora Silvia Regina Dias, do Colégio Anglo Alante São José dos Campos, do Grupo Salta, destaca a importância de uma abordagem mediadora, na qual os casos de bullying são investigados minuciosamente e ações apropriadas são tomadas para cada situação, incluindo projetos que deixam claro a intolerância a comportamentos prejudiciais.

A professora do Ensino Fundamental Anos Finais, Camila Pascui, do Laboratório Inteligência de Vida (LIV) do Colégio Anglo Alante São José dos Campos, enfatiza que a escola frequentemente é o único porto seguro para muitos alunos, tornando crucial a promoção de um ambiente saudável. Isso não somente aprimora o processo de ensino-aprendizagem, mas também constrói confiança, permitindo que os alunos busquem ajuda em momentos de necessidade. Os projetos oferecidos pelo Colégio Anglo Alante, como o LIV, fomentam a aceitação e respeito à diversidade e se concentram em ensinar empatia e comunicação eficaz para evitar o bullying e conflitos.

Guia de saúde mental para estudantes

Para apoiar as equipes escolares no acolhimento adequado aos alunos que enfrentam dificuldades emocionais, a Camino School desenvolveu um guia inédito e gratuito de saúde mental. O material, disponível online, traz informações, diretrizes e protocolos para casos de agressão física, violência, luto, depressão e ansiedade, orientando as escolas nos procedimentos adequados. 

“Cada caso é único e pode exigir abordagens específicas, mas é fundamental implementar um fluxo geral de endereçamento de crises escolares que seja capaz de garantir uma resposta rápida, coordenada e eficaz”, explica Renata Trefiglio, autora e coordenadora geral do material desenvolvido pela Camino School. “Identificar a crise, saber como intervir, avaliar o caso e garantir a segurança de todas as pessoas da escola são passos, explicados no handbook, os quais precisam estar bem delineados nos protocolos da instituição de ensino, para que o ambiente escolar seja um espaço que prioriza o bem-estar emocional dos estudantes”, afirma Renata.

Visando reforçar a importância da prevenção e da promoção da saúde mental no ambiente escolar, o material traz, ainda, estratégias para fortalecer a resiliência dos alunos, criar uma cultura de apoio mútuo e desenvolver programas de bem-estar emocional que possam ser incorporados à rotina escolar. Para baixar gratuitamente o handbook, basta acessar este link.

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