Vilma Queiroz, produtora executiva do Pretinhas da Brasilândia, conta sua trajetória de mulher negra, filha de uma analfabeta e um mestre de obras, que através da dedicação aos estudos e a vontade de ser professora para ensinar a mãe a ler e escrever chegou a patamares inimagináveis para uma pessoa periférica em um país com grande desigualdade social.
A produtora executiva do evento Pretinhas da Brasilândia que acontece em 11 de março, na Fábrica de Cultura da Brasilândia, é 50+, professora aposentada, pedagoga, e também estudou Publicidade e Marketing, além de diversos cursos em áreas de seu interesse – inclusive de modelo plus size, que a levou a desfilar no evento de moda Casa de Criadores, e atualmente trabalha com turismo e projetos culturais.
Vilma Queiroz declara: “Sempre gostei de estudar e sabia que precisava me dedicar com afinco aos estudos para poder sonhar e realizar meus sonhos como o de ser professora para ensinar minha mãe a ler e escrever. Ela vendia Avon, essas coisas, quando eu era criança e ajudava a separar os produtos de cada cliente já que estudava e sabia ler”.
Representatividade que inspira
A jornalista Glória Maria, primeira repórter negra a aparecer na televisão, inspirou Vilma Queiroz a correr atrás dos seus sonhos, incluindo o de viajar pelo mundo. Vilma conta que até quis ser jornalista como Glória Maria, e teve a oportunidade de estudar Publicidade e Marketing no Mackenzie, também na área de comunicação, e pensou em utilizar o nome Vilma Terra caso chegasse ao jornalismo.
“A Glória Maria aparecia na TV, fazendo matérias em diversas partes do mundo e sempre desejei conhecer o mundo, me inspirei nela e fui aproveitando cada oportunidade que surgia em minha vida, sempre tive desafios, mas sabia que para uma mulher negra chegar a realizar seus sonhos era necessário acreditar, enfrentar desafios e abraçar todas as oportunidades”, conta Vilma.
Vilma começou a trabalhar aos 14 anos, em uma creche, na secretaria da creche, graças aos cursos que tinha no currículo como datilografia e auxiliar de escritório. Se tornou professora através do magistério e depois estudou Pedagogia e se especializou em educação inclusiva com foco em Pessoas com Deficiência (PCD).
Vilma lembra que em sua família era comum a terem como exemplo, com tios dizendo para seus primos e primas: siga o exemplo da Vilma, que é tão dedicada aos estudos.
Atualmente, Vilma Queiroz desenvolve projetos culturais e organiza viagens para grupos de no máximo 4 pessoas.
Entre seus principais projetos para 2023 está conhecer um país africano e a primeira edição do evento Pretinhas da Brasilândia que será realizado em 11 de março de 2023, na Fábrica de Cultura da Brasilândia, com programação especial para mulheres negras de hoje e do amanhã.
Confira a programação do Pretinhas da Brasilândia:
9h às 11h Oficina de Grafite
Arte-educadora Aryane Keyla Jose Santos
Na oficina de grafite, o público será incentivado a formar grupos para criar um mural com grafite em um dos muros da Fábrica de Cultura. Serão utilizados modelos de máscaras africanas para a arte, que será reproduzida utilizando tinta PVA, corantes, pincéis e spray. A arte-educadora ensinará sobre a importância da representação das máscaras na cultura africana, estreitando os laços das meninas negras com suas raízes ancestrais.
11h às 12h Oficina de Dança Tribal
Arte-educadora Luana Caruzo
A arte-educadora explicará a origem e importância das danças tribais e ensinará na prática passos para as pequenas dançarinas. A aula também envolverá o emprego da dança tribal em ritmos atuais, com as quais as garotas se identificam, como hip hop e demais danças urbanas. Com isso, elas perceberão que muitos dos artistas da atualidade que elas admiram, sejam brancos ou negros, reproduzem passos que foram criados por seus antepassados.
12h às 13h Oficina de Modelos
Arte- educadora Joy Carol
Joy é uma famosa modelo, negra e gorda, moradora da Zona Norte, e que além de desfilar nos maiores eventos plus size do Brasil, ultrapassou barreiras integrando desfiles em que antes predominavam pessoas brancas e magras, como por exemplo, a Casa de Criadores. Embora tenha ouvido muitos “nãos” ao longo de sua carreira, ela persistiu e estrelou campanhas de publicidade de marcas de moda, telefonia celular, bancos e produtos de beleza. Na oficina de modelos, todas poderão ser modelo por um dia, aprender a desfilar e fotografar e acreditar em sua real beleza.
14h às 15h – Oficina de Leitura e Teatro
Arte educadora: Aline Caruzo
A arte-educadora trabalhará na oficina alguns capítulos do livro “Omo-Oba Histórias de Princesas” de Kiusam de Oliveira. Com um acervo de fantasias e acessórios, estimulará que as meninas leiam trechos do livro, que fala sobre princesas africanas e, por meio de jogos educativos e dinâmicas teatrais, reproduzam e criem novas cenas com as personagens. Elas se reconhecerão como protagonistas e viverão personagens incríveis.
15h às 16h – Oficina de amarração de Turbantes e tranças
Arte- educadora: Palomah Coelho
O cabelo faz parte da identidade de todas as pessoas. Mas para garotas negras que crescem escutando que tem “cabelo ruim”, essa relação com a própria aparência pode vir repleta de dores e frustrações. Na oficina de Amarração de Turbantes e tranças, as pequenas aprenderão a importância dos penteados e dos turbantes na cultura
africana. Aprenderão que não se tratam de artifícios para disfarçar “um cabelo ruim”, mas para ressaltar a beleza e identidade das mulheres pretas.
16h às 17h – Oficina de Artes Plásticas
Arte-educadora: Erika de Souza
As meninas confeccionarão seus auto-retratos, trabalhando a percepção que têm sobre si mesmas. Nesta oficina serão usadas sulfites, lápis, canetinhas, gizes de cera e materiais como botões e retalhos de tecidos.
17h às 18h – Palestra/ Show
Artista: Fanieh
Com apenas 22 anos, de Guaianazes, extremo leste de São Paulo, vem se destacando na cena musical por suas letras e posicionamentos sempre fixados nas suas raízes. A artista recentemente soltou sua voz na primeira faixa do projeto idealizado e majoritariamente produzido por mulheres, o Hervolution. Ela também estrelou a série da Netflix: Sintonia, um sucesso entre o público adolescente. Construiu a carreira de forma autônoma, independente, como uma verdadeira gestora. Além de ser rapper, ainda é co-fundadora do Instituto Izaias Luzia, em Guaianazes, que trabalha com cultura, esporte e educação.
Serviço:
Data: 11 de março
Horário: das 9h às 18h
Local: Fábrica de Cultura da Brasilândia
Endereço: Avenida Inajar de Souza, 7001 e Av. General Penha Brasil, 2508 – Brasilândia, São Paulo, SP
Entrada gratuita
Mais informações no site: http://pretinhas.com.br/pretinhas-da-brasilandia/