Trinta e cinco anos após o seringueiro, sindicalista e ativista político brasileiro, Chico Mendes, escrever a famosa “Carta aos Jovens do Futuro”, que se tornou um marco na luta dos moradores da floresta, um grupo de jovens composto por extrativistas, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, entre outros Povos e Comunidades Tradicionais (PIQCTs) escreveram a “Carta da Juventude das Florestas”, documento contendo reivindicações e encaminhado ao presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.
A carta, produzida após vários debates reunindo jovens extrativistas e comunicadores de diversas partes do Brasil, mas principalmente de estados da Amazônia, foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, na semana passada, em Brasília, durante a Semana da Sociobiodiversidade que reuniu mais de 230 extrativistas da Amazônia.
“Nós, jovens, guardiões do legado de Chico Mendes, possuímos papel fundamental na defesa da Amazônia, do cerrado, da caatinga, dos manguezais, dos maretórios e demais biomas que tornam este país um espaço comum e diverso em culturas, identidades e povos”, afirma a secretária da Juventude do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Letícia Moraes.
Reivindicações
Entre as reivindicações contidas na “Carta da Juventude das Florestas” estão temas como a regularização fundiária e ambiental, construção de políticas de reparação à formação educacional das populações extrativistas, além da criação do Fundo da Juventude das Florestas com o objetivo de fortalecer as organizações de base e atividades recreativas.
No documento, a Juventude da Floresta reafirma a aliança dos povos destaca, a urgência de ações de combate ao aquecimento global, sugerindo a criação de novas Unidades de Conservação de Uso Coletivo, como a Reserva Extrativista (RESEX) Marinha de Viriandeua e Filhos do Mangue, no estado do Pará. O texto também indica um repúdio e indignação sobre a tese do Marco Temporal, que atinge o direito dos jovens extrativistas viverem em seus territórios.
Para manter a mobilização, o grupo já tem programado para o primeiro semestre de 2024 a realização do 4º Encontro Nacional da Juventude Extrativista, em Brasília. O objetivo é reunir pelo menos 500 jovens na capital federal.
“Nós, as juventudes da floresta aqui identificadas, reafirmamos a aliança dos Povos da Floresta para a continuidade da nossa luta e do nosso compromisso pela vida dos nossos ecossistemas e pela garantia dos nossos direitos”, reforça Letícia Moraes.
Encontro Nacional
Considerada a maior mobilização nacional em prol da criação de políticas públicas voltadas aos povos extrativistas, a Semana da Sociobiodiversidade reuniu mais de 230 participantes e promoveu uma série de debates e uma agenda política no Congresso Nacional, entre os dias 31 de agosto a 6 de setembro.
Além da “Carta da Juventude das Florestas”, no evento também foi criada a “Carta da Semana da Sociobiodiversidade”, com mais de 60 reivindicações dos povos e comunidades tradicionais, divididos em oito eixos de incidência. O documento foi apresentado, no dia 4 de setembro, na Câmara dos Deputados, durante sessão solene em homenagem ao Dia da Amazônia.