Prática da desospitalização é recomendada pela Organização Mundial da Saúde por diminuir riscos de infecção e promover melhor qualidade de vida ao paciente / Crédito: Freepik
Identificação precoce previne casos mais complexos; iniciativas de desospitalização podem reduzir exposição a riscos e são recomendadas pela OMS
Desconhecida por mais de 80% da população brasileira, a sepse é responsável por uma a cada cinco mortes em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Antigamente conhecida como “infecção generalizada”, a sepse é a condição em que o organismo reage de maneira adversa a uma infecção, causando danos graves que podem levar à morte.
De acordo com levantamento do Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), a taxa de letalidade atinge 24,4% em casos de sepse e 55,7% em caso de choque séptico, quando a sepse é acompanhada por uma queda muito intensa da pressão arterial do paciente e outras anormalidades celulares e metabólicas. Os dados referem-se ao ano de 2022 e foram fornecidos por hospitais brasileiros.
Dia 13 de setembro é o Dia Mundial da Sepse. A data foi instituída para que o assunto seja tratado com a seriedade e o cuidado que a condição exige. Um dos principais alertas é para que os profissionais de saúde estejam atentos e possam fazer um diagnóstico precoce da sepse. Isso aumenta consideravelmente as chances de cura, pois quanto antes forem administrados medicamentos, menor será o risco para o paciente.
A grande dificuldade é que a sepse normalmente é silenciosa. Ela ocorre em pacientes que estão internados com alguma enfermidade, mas também pode afetar pessoas que estão com infecções e ainda não foram avaliadas por profissionais da saúde. “O paciente pode apresentar febre, diminuição da frequência respiratória, perda da consciência e pressão sanguínea um pouco mais baixa. Esses sintomas nem sempre são percebidos pelo paciente. Portanto, é essencial que o profissional de saúde esteja atento e solicite exames completos para uma análise eficaz”, explica a infectologista coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar dos Hospitais São Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Viviane Hessel.
Orientação da equipe
Dentro dos hospitais, a orientação para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e toda a equipe que tem contato com pacientes é avaliar constantemente os sinais vitais, como pressão arterial, frequência respiratória, frequência cardíaca e temperatura. Também é necessário observar a alteração da consciência.
Os exames de laboratório proporcionam uma visão abrangente da saúde do paciente. É importante que a equipe avalie a função do fígado, das enzimas, da coagulação e dos rins, por exemplo. “Por isso, frequentemente realizamos reforços teóricos e práticos com as equipes. É fundamental lembrar o quanto precisamos ser detalhistas em nosso dia a dia”, destaca Viviane.
Iniciativas de desospitalização
Retirar o paciente do ambiente hospitalar diminui os riscos de infecção e promove uma melhor qualidade de vida. Portanto, a desospitalização e a continuidade do tratamento diretamente em casa são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Quanto menor for o tempo de internamento, melhor. Esta é a regra que orienta o trabalho dos profissionais de saúde ao desospitalizarem pacientes que já estão em condições de alta, mas permanecem internados para a administração de antibióticos. Essa recomendação não depende apenas da vontade do paciente, mas, sim, de uma indicação médica, especialmente quando se trata de pacientes crônicos. “Quando o paciente é liberado para voltar para casa mais cedo, há menos risco de complicações e ele fica mais próximo da família”, explica o médico infectologista do Hospital Universitário Cajuru, Felipe Tuon.