Artista plástico produziu obra sobre o medalhista olímpico em menos de dois dias
Consagrado como um dos maiores artistas de street art do mundo, Eduardo Kobra exaltou as conquistas do medalhista Gabriel Medina com uma obra especial: uma prancha de surfe com um grafite em referência à sua atuação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ídolo do esporte, o surfista conquistou a medalha de bronze das Olimpíadas de Paris na segunda-feira (5) e protagonizou alguns momentos marcantes.
Pela primeira vez pintando uma prancha de surfe, Kobra produziu a peça em menos de dois dias. A ideia veio após atleta apontar para o céu ao cravar uma manobra importante. Segundo o muralista, o reconhecimento do papel da fé e da crença em Deus nas habilidades e feitos extraordinários nas Olimpíadas estão em total sintonia com o que acredita ser parte importante de seu dom de pintar.
Para Kobra, o gesto de Medina ressoa completamente com suas próprias crenças. Assim, a conexão foi instantânea e a inspiração fluiu com facilidade. “Medina é um grande atleta e fez história nas Olimpíadas deste ano, independentemente de colocação no pódio. O desempenho dele é um verdadeiro show, com ondas seguidas de saltos que desafiam a natureza e marcam a memória dos brasileiros”, afirma.
Ligação com as Olimpíadas
A prancha grafitada foi a terceira obra criada por Eduardo Kobra tendo as Olimpíadas de Paris como tema. Recentemente, o muralista pintou a tela “Paz Olímpica”, em que a Torre Eiffel aparece invertida como uma tocha olímpica. Na pintura, a tela é erguida por duas mãos à frente de um círculo preto e branco, representando o símbolo de paz e amor e reforçando o apoio à luta contra o racismo.
Antes do início dos Jogos, foi inaugurado o mural “Voz da Liberdade” na cidade francesa de Saint-Ouen, base da delegação brasileira no país. Inspirada na tela “A Liberdade guiando o povo”, de Eugène Delacroix, protagonizada por Marianne – símbolo da liberdade e da Revolução Francesa –, o mural transmite a mensagem de resiliência, coragem e superação. A ideia é explicitada pelo desenho de uma faixa com a frase “Soyons nos propres héros” – traduzida do francês para o português como “somos nossos próprios heróis”.
Ao longo de sua trajetória, Kobra deixou outros importantes legados relacionados às Olimpíadas. Para a edição realizada no Rio de Janeiro, em 2016, criou o imponente mural Etnias, no Boulevard Olímpico. Retratando os arcos olímpicos a partir dos povos de cada continente – huli (Oceania), os mursi (África), os kayin (Ásia), os supi (Europa) e os tapajós (Américas) –, a obra entrou para o Guinness World Records como o maior grafite do mundo, com três mil metros quadrados.
No mesmo ano, levou sua arte para Tóquio, que sediou as Olimpíadas seguintes, exaltando a cultura carioca com um mural de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, ícones da bossa nova, na fachada da Embaixada Brasileira. Em Minami-Ikebukuro, também na capital japonesa, ele registrou o Cristo Redentor e o calçadão de Copacabana.
Sobre Eduardo Kobra
Nascido na periferia de São Paulo em 1975, Eduardo Kobra alcançou reconhecimento global como um dos artistas mais renomados da atualidade. Sua jornada artística começou como pichador na adolescência. Ao longo dos anos, Kobra desenvolveu seu estilo marcante de muralismo, caracterizado por cores vibrantes e contrastantes, e sua habilidade em retratar personalidades, fatos históricos e questões sociais em murais gigantescos.
Com obras em cinco continentes, Kobra quebrou recordes de tamanho de murais, incluindo o maior mural grafitado do mundo. Seu trabalho ganhou visibilidade internacional, com destaque para a obra “O Beijo” em Nova York. Além disso, ele recebeu convites de galerias, museus e organizações, incluindo a ONU, para exibir suas obras e participar de projetos de prestígio. Kobra também se envolve em causas sociais, usando a arte como veículo para promover mudanças positivas. O Instituto Kobra busca aproximar a cultura a quem tem menos acesso e apoiar causas humanitárias, enquanto suas parcerias com empresas contribuem para viabilizar seus projetos públicos de grande escala. Sua trajetória é um exemplo inspirador de como a arte pode transcender fronteiras e causar impacto positivo no mundo.