Documentário Cinzas da Floresta (Foto: Divulgação Mostra Ecofalante)
Festival leva filmes e debates sobre temáticas socioambientais ao Recôncavo da Bahia
Entre 31 de julho e 11 de agosto, as cidades de Cachoeira e Cruz das Almas receberão sessões da Mostra Ecofalante de Cinema, considerada como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais.
Totalmente gratuito, o evento exibirá 48 filmes, incluindo obras premiadas em festivais nacionais e internacionais, destaques da edição mais recente da Mostra Ecofalante em São Paulo e sessões para o público infanto-juvenil.
Em Cachoeira, a Mostra acontece entre os dias 31 de julho e 10 de agosto, com sessões abertas ao público no Cine Theatro Cachoeirano. Já em Cruz das Almas, as exibições abertas acontecem entre 31 de julho e 11 de agosto no auditório da Biblioteca da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e serão seguidas por debates com docentes da universidade. A Mostra contará ainda com sessões para estudantes do ensino fundamental I e II da rede pública municipal, que em Cachoeira acontecem no Auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da UFRB e no Cine Theatro Cachoeirano e, em Cruz das Almas, no auditório da Biblioteca Municipal Carmelito Barbosa Alves e no Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP).
As atividades fazem parte da Mostra Ecofalante de Cinema – Bahia 2023, que teve início em abril com exibições de filmes e debates em 20 espaços culturais e educacionais de Salvador, Camaçari e Dias D’Ávila. O evento já conta com um público de mais de 35 mil pessoas na Bahia.
Destaques da programação
A programação da Mostra Ecofalante no Recôncavo da Bahia inclui três filmes cuja estreia mundial aconteceu na 12ª edição do festival, realizada em São Paulo no mês de junho. “Escute: A Terra foi Rasgada”, de Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro, retrata uma aliança histórica entre três povos indígenas em defesa de seus territórios. “Cinzas da Floresta”, de André D’Elia, mostra a importância das brigadas voluntárias de combate a incêndios florestais no Brasil no contexto de mudanças climáticas e descontrole dos incêndios na Amazônia. Já “Parceiros da Floresta”, de Fred Rahal Mauro, traz uma nova visão de economia florestal sustentável e inclusiva como estratégia para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A luta dos povos indígenas tem forte presença nos filmes da programação. “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, vencedor dos prêmios de júri e de público na 12ª Mostra Ecofalante, retrata a maior expedição das últimas décadas na Amazônia realizada pela Funai para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubos, em estado de vulnerabilidade. “Amazônia, a Nova Minamata?”, obra mais recente do consagrado cineasta Jorge Bodanzky, acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral. “Vento na Fronteira”, longa de Laura Faerman e Marina Weis, acompanha a luta do povo Guarani-Kaiowá pelas suas terras, na região do Mato Grosso do Sul, que são objeto de disputa de grandes proprietários rurais.
A questão racial também está presente em diversos filmes do evento. “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, foi escolhido como o melhor filme da Competição Latino-Americana pelo público da 12ª Mostra Ecofalante e também premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. Neste longa-metragem, um professor nigeriano e sua comunidade lutam para provar que seu deus Exu não é o diabo, frente aos ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no Brasil. “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente, traça uma cinebiografia daquela que inaugura a existência de atrizes negras em palcos, televisão e cinema no Brasil. Por sua vez, o carioca “Rolê – Histórias dos Rolezinhos”, de Vladimir Seixas, retrata o movimento de ocupações nos shoppings que escancarou as barreiras impostas pela discriminação racial e exclusão social.
Entre os filmes internacionais, destacam-se duas produções que abordam a questão do racismo ambiental: “Filhos do Katrina”, de Edward Buckles Jr., que dá voz a jovens expulsos de suas casas pelo Furacão Katrina e abandonados pelo governo, e “Injustiça Climática”, de Judith Helfand, que aborda as consequências da pior onda de calor da história dos Estados Unidos em 1995, quando 739 pessoas – a maioria idosos e negros – morreram no espaço de uma semana.
Dois títulos assinados por Sarah Maldoror, a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem na África e considerada “a mãe do cinema africano”, também serão exibidos na Mostra. “Sambizanga” (1972), longa-metragem duplamente premiado no Festival de Berlim, focaliza a figura de Domingos Xavier, operário angolano e ativista anticolonial que foi preso e torturado até à morte, em 1961, pela polícia política portuguesa. Já em “Uma Sobremesa para Constance”, produção de 1980, Maldoror utiliza a comédia para tratar do tema da imigração africana e do racismo em território francês, num momento em que este assunto começava a ganhar amplitude e seu enfrentamento tornava-se incontornável.
O evento conta ainda com curtas-metragens que receberam prêmios de júri e de público na 12ª Mostra Ecofalante: “Quem de Direito”, de Ana Galizia, que mostra a organização popular pelo acesso à terra no território do vale do Guapiaçu (Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro) e as mobilizações recentes contra um projeto de barragem na região; “A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro, uma denúncia contra as queimadas na Amazônia; e “Paulo Galo: Mil faces de um homem leal”, de Iuri Salles e Felipe Larozza, um retrato do ativista que ganhou destaque com o movimento dos entregadores antifascistas.
Para o público infanto-juvenil, a Mostra exibe três animações francesas. Em “Vanille”, de Guillaume Lorrin, uma pequena parisiense embarca numa aventura cheia de mistérios em Guadalupe e faz as pazes com suas origens. “A Viagem do Príncipe“, dirigida por Jean-François Laguionie e Xavier Picard, mostra as aventuras e os preconceitos enfrentados por um príncipe numa terra estrangeira, de cultura e hábitos diferentes e que se construiu em oposição à natureza. Já “Zarafa”, de Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie, traz a história da amizade entre Maki, de apenas 10 anos, e Zarafa, uma girafa órfã.
Formação de educadores
Dando continuidade ao ciclo formativo realizado no primeiro semestre nas cidades de Salvador, Camaçari, Dias D’Ávila e Cachoeira, a Mostra realiza mais uma formação com profissionais de escolas municipais em conjunto com a Secretaria de Educação de Cruz das Almas. Espera-se atingir um público de até 108 profissionais, entre diretores, vice-diretores, coordenadores e professores. Com o tema “O audiovisual como caminho para a transformação socioambiental”, a formação apresenta aos educadores diferentes metodologias e estratégias para exploração aprofundada e contextualizada de obras audiovisuais de temática socioambiental, estimulando a criação de programas e projetos que dialoguem com os desafios reais de sua escola, comunidade e território.
Apoio educacional
Na UFRB, nas cidades de Cruz das Almas e Cachoeira, a Mostra Ecofalante de Cinema – Bahia 2023 conta com o apoio e suporte da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e com a presença de docentes e discentes do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB), do Programa de Educação Tutoriada (PET) de Conexões de Saberes Socioambientais. Em Cachoeira, o evento conta com o apoio e a estrutura do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), cedendo o espaço do auditório para as sessões junto à Secretaria de Educação do município. Ainda neste mês, espera-se assinar um Acordo de Cooperação Técnica Educacional entre a Ecofalante e a UFRB com o intuito de proporcionar o acesso aos conteúdos audiovisuais, técnicos e educacionais fornecidos através do Programa Ecofalante Universidades.
Sessões de abertura
Em Cruz das Almas, a sessão de abertura da Mostra acontece no dia 31 de julho (segunda-feira), às 14h, no auditório da Biblioteca da UFRB. O filme exibido será o longa-metragem “Lavra”, de Lucas Bambozzi, que investiga as consequências do maior crime ambiental do Brasil.
Em Cachoeira, o filme que abre o evento é “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato. A sessão acontece às 19h30 no Cine Theatro Cachoeirano, também no dia 31 de julho.
A Mostra Ecofalante de Cinema – Bahia 2023 é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Nas cidades de Cachoeira e Cruz das Almas, o evento tem apresentação da Taesa, patrocínio da BASF e apoio da Drogasil. Tem apoio institucional da Prefeitura Municipal de Cachoeira, da Prefeitura Municipal de Cruz das Almas, do Governo do Estado da Bahia – por meio da Diretoria de Audiovisual (Dimas), da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), da Fundação Pedro Calmon (FPC) e das Secretarias de Cultura, Meio Ambiente e Educação –, da Embaixada da França no Brasil, da Fundação Hansen, do The Film Foundation, do World Cinema Project, da Cineteca di Bologna, do Programa Ecofalante Universidades e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) é parceira educacional do evento. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério da Cultura.
A programação completa do evento será divulgada em breve no endereço ecofalante.org.br/programacao
Serviço
Mostra Ecofalante de Cinema – Bahia 2023
Cachoeira – 31 de julho a 10 de agosto
Cruz das Almas – 31 de julho a 11 de agosto
programação gratuita
Locais de exibição:
Cachoeira
Cine Theatro Cachoeirano (Praça Teixeira de Freitas – 02)
Auditório do CAHL/UFRB (R. Mestro Irineu Sacramento, S/n – Centro)
Cruz das Almas
Biblioteca Municipal Carmelito Barbosa Alves (102, R. Trinta e Um de Março, 56)
Biblioteca Central da UFRB (Rua Rui Barbosa, 710, Centro)