27 de novembro de 2024

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Mulheres buscam mais representatividade em eventos científicos

Para Tatiana Deliberador, especialista em implantodontia, é preciso fazer movimentos de união, trabalho em equipe e equilíbrio dos sexos na implantodontia / Créditos: Divulgação

Grades de congressos ainda contam com uma proporção desigual de nomes femininos e masculinos; empresas têm papel importante de apoiar as mulheres e abrir novos caminhos para crescimento

Metade dos artigos científicos escritos no Brasil são produzidos por mulheres. De acordo com o estudo Gender in the Global Research Landscape, publicado pela Elsevier, 49% dos textos têm a assinatura delas. A grande questão tem sido como fazer com que essas mulheres conquistem protagonismo também para falar dos assuntos que dominam. Figura constante em congressos e palestras, a dentista Ivete Mattias Sartori, mestra e doutora em Reabilitação Oral, foge à regra quando se fala de espaço das mulheres comparado aos homens em  eventos científicos.  

Desde 1993 atuando como professora na Universidade do Sagrado Coração em Bauru (SP), nas áreas de prótese e implantodontia, Ivete começou muito cedo a ser convidada como  palestrante em eventos e foi encontrando espaços para que seus trabalhos passassem a ser notados. “Acho que um fator que contribuiu para que meu trabalho ficasse conhecido foi o fato de eu também sempre me inscrever em eventos e atividades do tipo ‘Tema Livre’. Lembro que no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (CIOSP), por exemplo, havia essa modalidade e eu sempre me inscrevia. Depois disso meu trabalho na reabilitação oral já era bem conhecido e comecei a ser convidada por empresas para ministrar palestras”, conta. 

A história da dentista poderia ser um exemplo em diversos eventos que trazem palestrantes, mas a realidade é bem diferente. Em alguns setores, mais do que outros, essa separação de gêneros é visível e pede um olhar mais voltado para a realização de programas específicos. Na odontologia, esse é um desafio, principalmente na área de implantodontia. De acordo com um levantamento realizado pela Neodent, empresa líder em implantes no Brasil, a maioria das mulheres não escolhem a implantodontia como primeira especialização. “Após a  faculdade, elas escolhem primeiro ir para cirurgia ou ortodontia e depois escolhem a implantodontia como uma forma de complementar os casos que elas têm nos consultórios, para dar um tratamento completo para seus pacientes. Esse é um cenário que percebemos com frequência em congressos que participamos”, conta a dentista e Head de Treinamento & Educação da Neodent, Daniela Floriani.  

Com essas informações em mãos, a empresa decidiu fomentar a participação de mulheres na especialidade e encontrar novos talentos no setor. “Queremos mostrar para as mulheres que elas têm participação na implantodontia e deixar que se sintam cada vez mais à vontade para falar sobre esse tipo de procedimento. Desta forma, temos buscado trazer profissionais renomadas para os palcos, para salientar que é possível traçar uma carreira de sucesso como speaker de grandes marcas”, avalia Floriani.  

Mesmo tendo oportunidades desde cedo, Ivete concorda que o número de homens ainda é maior e que a participação das especialistas ainda é pequena em eventos e congressos da área. “Acho que movimentos que ajudam as mulheres a serem mais lembradas nos eventos são de extrema necessidade. Não dá para o fato passar despercebido. Basta olhar para as distintas grades e ver que a participação das mulheres é muito pequena. É um fato que causa estranheza, uma vez que temos tantas mulheres competentes e aptas”, analisa.

Em busca de representatividade 

Mesmo que a implantodontia não seja a primeira opção de especialização para a maioria das mulheres, o número de alunas do sexo feminino vem crescendo. Segundo a Profª Dra. Tatiana Deliberador, especialista em implantodontia, PhD em Periodontia e professora da Faculdade ILAPEO, 70% dos alunos de graduação são do sexo feminino e nos cursos de  especialização em implantodontia, o número de mulheres também tem sido maior. “Como as  mulheres têm sido maioria em ambos os cursos, isso deveria garantir mais mulheres falando do assunto em eventos e painéis científicos”, analisa.  

Com esse aumento na procura, a expectativa é de um efeito dominó, com mais representatividade em todas as etapas da construção do conhecimento no setor. “Com  certeza gostaria de ver mais mulheres palestrando em congressos na área da Implantodontia, não só falando, mas ajudando na organização. Acho que temos que fazer movimentos de união, trabalho em equipe e equilíbrio dos sexos na implantodontia, principalmente com ajuda das empresas envolvidas, assim mais mulheres podem estar nos palcos”, prevê Tatiana. 

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