28 de novembro de 2024

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Restauração de áreas degradadas é essencial para o futuro sustentável na Baía de Guanabara

Manguezais da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim e Estação Ecológica da Guanabara, região hidrográfica da Baía de Guanabara – Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Apesar das pressões socioambientais, bacia hidrográfica mostra resiliência e gera serviços ecossistêmicos essenciais para mais de 13 milhões de habitantes de 17 municípios da região

O Dia Estadual da Baía de Guanabara é comemorado nesta quarta-feira, 18, em referência à data que marcou o vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo combustível na região no ano 2000. Muito conhecida por sua beleza cenográfica, importância histórica e, infelizmente, pela poluição e degradação ambiental, a baía vai muito além do espelho d’água que envolve o Pão de Açúcar, com áreas urbanas intensamente habitadas, zonas costeiras e ambientes rurais que protegem ecossistemas naturais, como florestas, manguezais e restingas.

“Além de todo o valor simbólico, a região hidrográfica da Baía de Guanabara tem enorme importância ecológica e econômica para cerca de treze milhões de pessoas. O território, que é estratégico para a segurança hídrica e resiliência climática, possui ecossistemas naturais que precisam ser conservados, além de áreas degradadas que podem ser restauradas. Como a recuperação da Baía é complexa, precisamos ampliar a cooperação entre diferentes níveis de governo, empresas, universidades e organizações da sociedade civil. Felizmente, a natureza resiste e possui grande capacidade de regeneração”, afirma Malu Nunes, da Fundação Grupo Boticário, instituição idealizadora do Movimento Viva Água Baía de Guanabara.

O movimento, que acaba de completar seu primeiro ano de atividades na região, reúne múltiplos atores de diferentes setores com o objetivo comum de contribuir com ações de conservação e restauração da natureza. O movimento também apoia iniciativas e negócios que contribuem para a conservação de áreas naturais como florestas, nascentes, rios, lagos e manguezais, além de incentivar o manejo sustentável dos ecossistemas e fortalecer cadeias produtivas sustentáveis como a agricultura, pesca e o turismo responsável. 

Entre as iniciativas de destaque desenvolvidas no último ano com o apoio do movimento está o LAB Viva Água, que estimulou a participação da sociedade civil na busca de soluções inovadoras para a restauração ecológica da região da Baía. O processo apoiou produtores rurais, pescadores, artesãos, pesquisadores, ambientalistas e empreendedores interessados em desenvolver as cadeias produtivas sustentáveis, como o turismo responsável, a meliponicultura e a agroecologia, promovendo a restauração dos ecossistemas locais. Ao final do laboratório de inovação, que contou com a participação de mais de 160 pessoas de todo o país, três iniciativas de destaque foram selecionadas para receber apoio financeiro total de R$ 800 mil.

Outra ação para fortalecer os negócios sustentáveis é o Natureza Empreendedora, programa de aceleração que teve sua segunda edição na Baía de Guanabara em 2022. Os participantes tiveram acesso a encontros de mentoria e consultoria e foram acompanhados por especialistas de diversas áreas de conhecimento ao longo do ano para amadurecer e fortalecer seus projetos e negócios. Ao final do processo, três negócios foram premiados.

O projeto Caminhos do Manguezal é uma proposta da Cooperativa Manguezal Fluminense para atuar com turismo de base comunitária por meio da oferta de passeios de barco para turistas, pesquisadores, professores e estudantes da região. A iniciativa contribui para enfrentar desafios como o desmatamento e a degradação ambiental de áreas de manguezal e a desvalorização das comunidades locais do entorno. A cooperativa também realiza projetos socioambientais de restauração ecológica, educação ambiental e cursos de capacitação profissional, fomentando o turismo de base comunitária e trazendo mais visibilidade e valor aos manguezais do entorno da Baía de Guanabara, especialmente na APA Guapimirim e Estação Ecológica da Guanabara, impactando positivamente os municípios de Guapimirim, Itaboraí, Magé e São Gonçalo.

O Reciclando o Futuro surgiu com a missão de ressignificar o lixo, transformando resíduos em renda, além de contribuir para a conservação ambiental por meio da redução da quantidade de resíduos descartados em rios e nas ruas. Com o cadastro de coletores de material reciclável e suas famílias, que conhecem por vivência quais áreas mais produzem resíduos nos bairros, a iniciativa pretende auxiliar na criação de emprego e renda para a população mais vulnerável. Com sede em Itaboraí, o projeto também deve impactar outros cinco municípios da região: Maricá, Niterói, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá.

Também voltado à reciclagem, o projeto Um Mundo desenvolve e implementa tecnologias de reinserção e valorização dos resíduos de plástico na cadeia produtiva, em parceria com cooperativas de reciclagem. A empresa transforma plástico reciclado em matéria-prima para arte, design e arquitetura. As placas de plástico reciclado geradas pela empresa podem ser utilizadas para substituir mármores, madeira e outros materiais em projetos de design. O material feito em polipropileno é 100% reciclado e 100% reciclável.

Fundo filantrópico

A Fundação Grupo Boticário, em parceria com o Instituto humanize e o IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão lançaram há pouco mais de um mês um fundo filantrópico para impulsionar as ações do movimento Viva Água e fortalecer o ecossistema de negócios de impacto socioambiental positivo nos 17 municípios que envolvem a Baía. Com aporte inicial de R$ 1,3 milhão e gestão da Trê Investindo com Causa, o fundo deve direcionar doações e empréstimos para projetos e negócios socioambientais, fortalecendo também programas de aceleração e a capacitação de empreendedores locais.

O Fundo Viva Água terá duas formas principais de apoio: doações para projetos ou capital semente para negócios sustentáveis; e empréstimos para negócios com impacto positivo, inclusive com uma plataforma de empréstimos coletivos para atrair pequenos investidores. As doações devem fortalecer ações socioambientais executadas por organizações da sociedade civil, programas de aceleração e incubação de negócios de impacto e também empreendimentos sustentáveis já existentes que necessitam de apoio financeiro para crescer.

Baía que resiste

A região hidrográfica da Baía de Guanabara conta atualmente com 172 mil hectares de cobertura florestal, o que corresponde a 36% de todo o território, além de 154 mil hectares de campos e pastagens, sendo uma importante fonte de serviços socioambientais para o Rio de Janeiro. O território também possui 112 mil hectares de ocupação urbana.

Com exemplos inspiradores de pessoas engajadas na recuperação e na defesa da Baía de Guanabara, a websérie documental “Guanabara: baía que resiste” foi lançada também em dezembro. Uma realização de ((o))eco, com patrocínio da Fundação Grupo Boticário, a série tem três episódios, com duração média de 10 minutos cada, e mostra a grande diversidade de espécies marinhas encontradas na baía, com projetos de restauração e recuperação em áreas mais preservadas, além de casos de empreendedorismo sustentável e geração de renda que podem ajudar a mudar a história da região hidrográfica da baía. Clique para assistir a websérie

Mais sobre o Viva Água

Fazem parte do conselho estratégico do movimento Viva Água Baía de Guanabara: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Instituto Estadual do Ambiente (Inea)Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Comitê de Bacia da Baía de Guanabara, Instituto humanize, Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG) e Sistema B

O movimento conta ainda com mais de dez organizações em sua rede de impacto: Wellbeing Economy Alliance (WEAll Brasil), Movimento Rio de Impacto, Reserva Ecológica de Guapiaçu, Emater Rio, Asplande, Sinal do Vale, Guardiões do Mar, Instituto Onda Azul, Tre Investindo com Causa, Instituto Tecnoarte, Instituto de Ação Socioambiental e Cooperativa Manguezal Fluminense.

A região hidrográfica da Baía de Guanabara contempla os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, ltaboraí, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, São Gonçalo, São João de Meriti e Tanguá, além de parte de Cachoeiras de Macacu, Maricá, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio Bonito e Rio de Janeiro.

O movimento no Rio de Janeiro é inspirado na experiência que vem sendo realizada na Grande Curitiba, em São José dos Pinhais (PR), desde 2019, com o objetivo de reunir atores estratégicos que atuam na Bacia do Rio Miringuava. A partir de iniciativas de conservação da natureza e de empreendedorismo sustentável, o movimento idealizado pela Fundação Grupo Boticário promove ações que contemplam a recuperação da vegetação nas margens dos rios, a capacitação de produtores rurais em modelos de agricultura mais sustentável e o incentivo a atividades econômicas, como o turismo rural. A Bacia do Miringuava beneficia cerca de 600 mil pessoas da Região Metropolitana de Curitiba.

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