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Estimulação cerebral profunda ajuda os neurônios a “reaprenderem” movimentos perdidos e se consolida como opção para melhorar a qualidade de vida dos portadores
O Mal de Parkinson é uma doença cerebral degenerativa grave que afeta cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema.
Trata-se da segunda enfermidade neurodegenerativa mais comum, depois apenas do Alzheimer. Descoberta em 1817, ela se caracteriza por tremores, instabilidade postural e dificuldades motoras, que prejudicam diretamente a qualidade de vida e independência dos portadores.
Apesar de não ter cura, há tratamentos que visam controlar a progressão da doença e reduzir a intensidade dos sintomas. Entre as opções, que envolvem medicamentos e terapias, se destaca a possibilidade de intervenção cirúrgica para estimulação cerebral profunda (DBS).
Apesar de descoberta nos anos 80, a técnica é pouco conhecida pelo público e usa nanotecnologia para estimular neurônios degenerados, ajudando-os a “reaprender” movimentos perdidos, melhorando significativamente os sintomas.
“A técnica transforma a degradação em movimento. No Brasil, a primeira cirurgia ocorreu em 2004, e nos últimos anos, se tornou mais acessível no país, se consolidando como uma alternativa de tratamento para casos que encaixam nos requisitos pré-operatórios”, explica Diego Zanotti Salarini, neurologista do Hospital São Luiz Jabaquara, da Rede D’Or.
Inicialmente indicada para casos avançados, a DBS agora também é usada em estágios intermediários da doença, após dois ou três anos de tratamento convencional.
“Esse período é importante, pois garante que o paciente seja resistente a contraindicações e medicamentos de risco. Além disso, o tempo é crucial para confirmar o diagnóstico de Parkinson, já que outras doenças podem ter sintomas semelhantes”, destaca o médico.
Entre os impeditivos clínicos para realizar a cirurgia estão problemas vasculares, uso de medicamentos que bloqueiam a dopamina, histórico de demência e quadros psiquiátricos.
“Se não houver impedimentos, realizamos a técnica. Em 2016, a Anvisa aprovou seu uso para tratar a distonia muscular, que provoca reflexos involuntários. Essa aprovação ampliou as opções de tratamento para outros problemas motores”, comenta Salarini.
O Hospital São Luiz Jabaquara, parte da Rede D’Or de Saúde, oferece uma equipe completa de neurologistas que acompanham o paciente desde a avaliação inicial até o cuidado pós-cirúrgico. A equipe inclui especialistas em neurocirurgia funcional e neurofisiologia interoperatória para garantir a precisão do procedimento. “Como a cirurgia é eletiva, ou seja, não de urgência, todo cuidado é tomado para minimizar danos e ser o menos invasiva possível”, acrescenta o médico.