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O Dr. Marcelo Bechara, clínico geral e especialista em emagrecimento, revela que descoberta pode ser revolucionária no tratamento da doença
Grande parte das pessoas que têm obesidade também sofre com apneia do sono e interrupções na respiração durante a noite. Mas, segundo um estudo da revista The New England Journal Of Medicine, divulgado em junho deste ano, o uso da tirzepatida pode diminuir significativamente este problema.
“É uma revolução esta descoberta. Normalmente, o principal caminho é a mudança de estilo de vida, mas deixar de ser sedentário e ter uma boa alimentação nem sempre é viável para todos. Outra maneira é a utilização de CPAP ou os BIPAPs, máscaras que auxiliam a oxigenação durante o sono, porém, a adaptação é muito severa”, explica o Dr. Marcelo Bechara, médico clínico geral e especialista em emagrecimento.
A tizerpatida é o princípio ativo do remédio Mounjaro, utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 e contra a obesidade. No Brasil, o uso já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a comercialização ainda é restrita em grande parte do país.
A substância age no organismo de forma semelhante a hormônios produzidos no intestino, sendo análoga ao GLP-1 e ao GIP, que auxiliam o controle do açúcar no sangue, liberação de insulina e sensações de saciedade e fome.
O estudo revela ainda que participantes que receberam doses de 10 ou 15 miligramas de tirzepatida tiveram uma redução média de 62,8% no índice de apneia-hipoapneia (IAH), que marca a quantidade de vezes que a respiração é interrompida durante o sono.
De acordo com o Dr. Bechara, é por conta da perda de peso que a tirzepatida age. “Ela melhora a obesidade e, consequentemente, atua diminuindo a apneia. O estudo acompanhou por mais de um ano os pacientes, que perderam em média mais de 20% do peso, reduzindo a pressão em cima das vias aéreas”, diz.
O estudo ainda diz que a tirzepatida também fez com que os participantes do estudo apresentassem uma redução na pressão arterial, em marcadores inflamatórios e no dano hipóxico, que indica o quanto caem os níveis de oxigênio de uma pessoa com apneia durante a noite.
“Potencializando a perda de peso, o desenvolvimento da apneia sofre uma queda, pois, sem o excesso de gordura no tórax e pescoço, associado ao aumento da pressão intra-abdominal, as vias aéreas ficam livres, evitando tanto o ronco quanto a apneia. E com a tirzepatida esse resultado é fantástico. Não existe nenhum medicamento que seja tão eficaz”, revela o médico.
A farmacêutica fabricante Eli Lilly submeteu um pedido de autorização para usar a tirzepatida no tratamento de apneia obstrutiva do sono moderada a grave e da obesidade.
Mesmo com resultados promissores, na maioria dos casos, a tirzepatida não vai substituir os tratamentos já conhecidos para apneia do sono. “Infelizmente, o medicamento surge apenas para um público específico, aqueles com obesidade, ampliando o leque de terapias disponíveis. No entanto, já nos ajuda a mapear uma cura para algo que até então não se tinham medicamentos utilizáveis”, comemora Bechara.
Sobre Marcelo Bechara
Marcelo Bechara é médico há mais de 16 anos. Formado em Medicina pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES), seguiu na área de Medicina Clínica e Cirurgia Geral, tendo atuado como Subsecretário de Saúde na Prefeitura de Praia Grande e na linha de frente da Covid-19 durante a pandemia, também como regulador de vaga e chefe do SAMU, na rede pública de saúde.
Atualmente, Bechara atua com Medicina Integrativa, na clínica que recebe seu nome, inaugurada em 2023 em Praia Grande, São Paulo. Em seu espaço, realiza cuidados que vão além do tratamento de doenças, promovendo melhora no bem-estar e na qualidade de vida de seus pacientes.